:. Druídas

Os Druidas formavam uma classe social do povo celta, herdeira e guardiã das tradições religiosas. Eram respeitados por seus conhecimentos de astronomia, direito e medicina, por seus dons proféticos, e como juízes e líderes. Acreditavam na imortalidade da alma, na perfectibilidade indefinida da alma humana, numa série de
existências sucessivas. Sua instituição, o druidismo foi um poderoso fator de unidade do mundo celta e, por isso, combatida pelos romanos durante as conquistas.

A filosofia dos druidas ou as leis das almas (leis de Tríades), reconstituída em sua imponente grandeza, patenteou-se conforme às aspirações das novas escolas espiritualistas. Como os atuais espíritas, os druidas sustentavam a infinidade da vida, as existências progressivas da alma, a pluralidade dos mundos habitados.

Destas doutrinas viris, do sentimento da imortalidade que delas dimana, é que o povo celta tiravam o espírito de liberdade, de igualdade social e heroísmo em presença da morte. Essa luz intensa que imundou a terra das Gálias foi apagada há mais de vinte séculos atrás pela força romana, expulsando os druidas, abriu praça a padres cristãos.

Depois, vieram os Bárbaros e fez-se a noite sobre o pensamento, a noite da Idade Média, longa de dez séculos, tão carregada que parecia impossível conseguissem virá-la os raios da verdade. Na Idade Média, Joana D'Arc que já vivera, nos tempos idos, como celta, trouxe em si a intuição direta das coisas da alma, que reclama uma revelação pessoal e não aceita a fé imposta; são faculdades de vidente, peculiares a raça céltica.

Só pelo uso metódico dessas faculdades se pode explicar o conhecimento aprofundado que os druidas tinham do mundo invisível e de suas leis. A festa de 2 de Novembro, a comemoração dos mortos, é de fundação gálica. A data 31 de Outubro era considerado como último dia do ano e acreditavam que os mortos vinham visitá-los. Para confundi-los, vestiam-se de fantasias e essa é a origem de Halloween. Os gauleses praticavam a evocação dos defuntos nos recintos de pedra. As druidisas e os bardos obtinham os oráculos.

A História nos ministra exemplo desses fatos. Refere que Vercingétorix se entretinha, à sombra da rama dos bosques, com as almas dos heróis, mortos pela pátria. Como Joana, outra personificação da Gália, o jovem chefe ouvia vozes misteriosas. Um episódio de sua vida prova que os gauleses evocavam os Espíritos nas circunstâncias graves. A pequena distância da costa sinistra, em meio de parcéis que a espuma dos escarcéus assinala, emerge uma ilha, outrora recamada de bosques de carvalho, sob cujas frondes se erguiam altares de pedra bruta. É Sein, antiga morada das druidisas; Sein, santuário do mistério, que os pés do homem jamais conspurcavam. Todavia, antes de levantar a Gália contra César e de, num supremo esforço, tentar libertar a pátria do jugo estrangeiro, Vercingétorix foi ter à ilha, munido de um salvo conduto do chefe dos druidas. Lá, por entre o fuzilar dos relâmpagos, diz a legenda, apareceu-lhe o gênio da Gália e lhe predisse a derrota e o martírio.

Certos fatos da vida do grande chefe gaulês não se explicam senão mediante inspirações ocultas. Por exemplo, sua rendição a César, próximo de Alésia. Qualquer outro Celta teria preferido matar-se, a se submeter ao vencedor e a servir-lhe de troféu no triunfo. Vercingétorix aceita a humilhação, a fim de reparar pesadas faltas, que cometera em vidas antecedentes e que lhe foram reveladas.

Enfim, após lenta e dolorosa gestação, a fé dos antigos, rejuvenescida e reconduzida, renasce em novos moldes, através do Allan Kardec, inspirado pelos Espíritos superiores, restaurou, dilatando-lhes o plano, as crenças dos antepassados. É verdadeiramente o espírito religioso da Gália que revive nesse chefe de escola. Nele, tudo lembra o druida: o nome que adotou, absolutamente céltico, o monumento que, por sua vontade, lhe cobre os despojos materiais, sua vida austera, seu caráter grave, mediativo, sua obra inteira. Allan Kardec, preparado em existências precedentes para a grande missão, não é senão a reencarnação de um Celta eminente. Ele próprio o afirma na seguinte mensagem obtida em 1909: "Fui sacerdote, diretor das sacerdotisas da ilha de Sein e vivi nas costas do mar furioso, na ponta extrema do que chamais a Bretanha."

Os druidas, possuidores de poderes místicas, hoje conhecido como mediunidade, estudavam durante 20 anos todos os conhecimentos mais adiantados da época e eram espíritos eminentemente elevados para o tempo onde maioria eram bárbaros. Com isso, pode até arriscar a opinar que muito dos Espíritos elevados de hoje, tenham estagiado como druidas ou em alguma outra comunidade de característica semelhante.

Yuzo Nakamura, Brasil
(Composição baseada no livro "Joana D'Arc" de Léon Denis, Editora: FEB)

 

Fonte: GRUPO DE ESTUDOS AVANÇADOS ESPÍRITAS - Ano 07 - Número 317 - 03 de novembro de 1998