O termo psicometria
foi criado em 1849 pelo médico norte-americano
J. Rhodes Buchanan. Ele pesquisou e realizou durante anos consecutivos
uma série de experiências, mas somente depois de algum
tempo estudando os efeitos do fluido magnético com pacientes
sonâmbulos, que realmente chegou a conclusões precisas.
Seu método de estudo consistia em apresentar a estes pacientes
objetos pertencentes ao presente ou passado de uma pessoa. Os sonâmbulos
passavam a descrever cenas relativas às épocas de
existência do objeto e até mesmo o próprio
caráter da pessoa a quem pertencia o objeto psicometrado.
Desde então, foram realizados diversos estudos e publicados
livros a respeito do fenômeno. Dentro da visão espírita
existem muitas obras e autores que abordam o tema, mas há alguns
que se destacam.
Na definição do livro Nos domínios da mediunidade
deAndré Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier,
psicometria significa registro, apreciação de atividade
intelectual. Entretanto, nos trabalhos mediúnicos, esta
palavra designa a faculdade de ler impressões e recordações
ao contato com objetos comuns. Áulus relata que o pensamento
espalha suas próprias emanações em toda parte
a que se projeta, deixando vestígios espirituais onde são
arremessados os raios da mente. Como o animal, que deixa no próprio
rastro o odor que lhe é característico, tornando-se,
por esse motivo, facilmente abordável pela sensibilidade
olfativa do cão.
O orientador prossegue dizendo que as marcas da individualidade
de cada um vibram onde se vive e por elas provocam o bem ou o mal
naqueles que entram em contato.
A obra Mecanismos
da Mediunidade, psicografada por Chico Xavier e Waldo Vieira,
também ditada pelo espírito André Luiz,
esclarece que a psicometria é a faculdade de perceber o
lado oculto do ambiente e de ler impressões e lembranças
ao contato de objetos e documentos. Cita ainda a importância
da harmonização entre encarnados e descarnados neste
tipo de trabalho, caso contrário pode-se anular a possibilidade
de êxito, fugindo verdadeiros propósitos.
Acrescenta
também que pode ser usada em casos de desaparecimento
de uma pessoa que não deixou pistas. Por intermédio
de um objeto pertence à vítima, o médium consegue
captar a personalidade e fisionomia do proprietário e reporta-se
ao seu desaparecimento, podendo até mesmo descobrir seu
desencarne e o local onde seu corpo se encontra. Isso porque os
objetos adquirem um fluido pessoal humano.
AS PESQUISAS DE ERNESTO BOZZANO
Outro importante
pesquisador do assunto foi Ernesto Bozzano, estudioso profundo
do psiquismo humano, filósofo e grande pensador.
No livro Enigmas da Psicometria, de sua autoria, Bozzano aborda
experiências e análises sobre diversos casos que utilizaram
a psicometria como recurso. Define que a psicometria é uma
das modalidades da clarividência e que os objetos servem
para fornecer pistas ao psicômetra, sendo que os resultados
são alcançados pelas faculdades clarividentes e telepáticas
do médium, ultrapassando os limites da matéria e
do tempo. Diz ainda que os fluidos humanos são absorvidos
pelo objeto, tornando-se agentes evocadores das impressões
psicométricas. Por isso, quando o objeto pertenceu a mais
de uma pessoa pode até causar erros de orientação.
E conclui,
dizendo: "Na base das percepções
psicométricas, encontra-se constantemente um fenômeno
de 'relação', estabelecido entre o sensitivo e as
pessoas vivas ou mortas, ou então, com seres animais, organismos
vegetais e estados da matéria, em relação
com o objeto psicometrado. Graças a essa 'relação',
o sensitivo extrai as suas percepções telepaticamente
de pessoas vivas ou mortas, fluidicamente ligadas ao objeto.
Ordinariamente,
a faculdade psicométrica é uma função
do Eu integral, subconsciente e, algumas vezes, direcionada por
entidades desencarnadas. Essas imagens correspondem, na maior parte,
a acontecimentos reais,, mas também podem ser, eventualmente,
de natureza simbólica, colimando uma informação".
Casos reproduzidos
do livro Enigmas da Psicometria: "Light" (1914,
pág.32).
"Um indivíduo mandou da Índia uma caneta de
madeira, acrescentando que ela pertencera a um filho dele, já falecido.
O sensitivo,
Sr. Roberto King, ignorando absolutamente a proveniência
do objeto, tornou-o e começou logo a descrever uma criança,
cujo retrato esboçou minuciosamente.
A seguir, o
espírito da criança transmitiu-lhe lacônica
mensagem destinada ao consulente que, acrescenta o Sr. King, está intimamente
ligado ao falecido.
Depois, diz
o sensitivo: "Sinto-me empolgado por uma influência
singular e ouço nitidamente uma voz que repete e insiste
numa palavra cuja transcrição fônica é -
Shanti!.
A mensagem
foi encaminhada para a índia e o pai do menino
não demorou a responder, gratíssimo, confessando
não lhe restar dúvida alguma sobre a autenticidade
da comunicação; primeiro, porque ele era, efetivamente,
uma criança; e, segundo, porque a descrição
feita pelo médium era expressão maravilhosa da verdade.
Finalmente
a palavra "Shanti", que quer dizer: - a paz
seja contigo-, era a saudação habitual que o filho
lhe dirigia, quando vivo, todas as manhãs". Análise
de Bozzano:
Neste caso,
a circunstância teoricamente importante afirma-se
no último incidente, ou seja, a audição de
um vocábulo que o médium traduz foneticamente, vocábulo
este que se verifica, posteriormente corresponder à saudação
que o filho costumava dirigir ao pai.
É um incidente que realiza excelente prova de identificação
espírita. Sem dúvida, poderíamos objetar que
a relação psicométrica se estabelecesse entre
o médium em Londres e o consulente na Índia e que,
por conseguinte, houvesse aquele se apropriado, na consciência
deste, das suas indicações.
Ora, uma dessas
regras nos ensina que, quando o sensitivo entra em relação com o possuidor do objeto psicometrado,
começa por descrever o indivíduo, inclusive o meio
em que ele se encontrava.
E, quando o
objeto foi utilizado por diversas pessoas, o sensitivo percebe
entre as diferentes influências aquela que, em virtude
da lei de afinidade, se lhe torna mais ativa, enquanto ignora as
outras, ou apenas recebe delas impressões secundárias,
passíveis de errôneas confusões.
Lógico, ao contrário, é dizer-se que o objeto,
por saturado da "influência" do filho, determinou
a relação psicométrica do sensitivo com o
desencarnado, o que de resto ressalta dos fatos, com a descrição
mediúnica do filho e não do pai.
Psicometria
premonitória: (Boletim da Sociedade de Estudos
Psíquicos de Nancy - Novembro de 1904)
"Entreguei ao sensitivo Phaneg uma jóia que constantemente
trazia comigo, de há muitos anos.
Logo que a
teve em mãos, começou ele a descrever
o castelo da Duquesa de Uzés, em Dampierre. Depois, acrescentou:
percebo uma senhora morena, acamada numa alcova amarela.
Ao seu lado
está um médico que parece inquietar-se
muito com o estado da enferma...
Esteve a senhora
doente, ultimamente? A minha resposta negativa, Phaneg acabou
por dizer: "Neste caso, a enfermidade que eu
vi deve ainda reaparecer".
Ora, quinze
dias depois, a predição se realizou!
Enfermei gravemente, a ponto de inspirar sérios cuidados
ao meu médico assistente.
O redator do Boletim assim comenta o caso:
"O Sr. Phaneg viu o clichê da enfermidade sem poder
assinalá-lo no passado, quando no futuro da consulente".
CONCLUSÕES
DE BOZZANO
"Também poderíamos acrescentar que ele extraiu
a informação no subconsciente da senhora, cujo organismo
podia achar-se afetado dos sintomas precursores da moléstia
que explodiria quinze dias depois".
Contato com
desencarnados através da psicometria: ("Light" -
1910, pág. 133)
"Entreguei ao médium uma medalha que pertencera à minha
falecida irmã.
Quando Peters a colocou sobre a fronte, pense involuntariamente
na falecida e esperava que me falasse dela.
Bem
ao contrário, começou por descrever minha mãe,
dizendo vê-la a meu lado e a exibir-lhe dois retratos, dos
quais fez minuciosa descrição.
Lembrei-me
de que alguns anos antes tinha guardado em uma pasta duas fotografias
análogas às descritas, mas não
me ocorriam detalhes. Fosse por que fosse, notei que a descrição
não correspondia absolutamente aos retratos de meus pais,
existentes na minha sala de visitas.
Logo
que regressei a casa, procurei as fotografa e verifiquei, surpreso,
que o médium as descreveu com perfeita exatidão.
Nitidíssima deveria ter sido a sua vidência, pois
abrangera os trajes, o penteado, a posição das mãos
e minúcias outras de menor relevo, tal, por exemplo, a cortina
que serviu de écran para uma das fotografias. Mais
tarde pude compreender o motivo por que o médium não
entrou em relação com o espírito de minha
irmã.
É que a medalha tinha sido feita de uns brincos que pertenceram à minha
mãe, e minha irmã, que tivera a idéia de os
mandar fundir e transformar em medalha, nunca usou, depois, esta
jóia".
Análise
de Bozzano:
"Neste caso, não poderíamos, certamente, excluir
a hipótese de haver o médium haurido na subconsciência
do consulente os pormenores revelados.
Todavia, a
circunstância de ele se propor a entrar em comunicação
com a irmã e ignorar que a medalha não continha associações
fluídicas com ela, torna mais verossímil a hipótese
da "influência" materna contida no objeto, como
traço dá ligação psicométrica
do médium com a falecida.
E
aquele espírito, que exibia ao médium duas fotografias
totalmente esquecidas, demonstra a intenção de provar
a sua presença real, de acordo com os desejos do consulente,
que procurará o médium na esperança de alcançar
uma valiosa identificação espírita".
Notas:
(Extraído da Revista Cristã de Espiritismo
nº 25, páginas 26-28)
Fonte:
Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas