A
próxima fase que descreveremos neste boletim se refere ao
período em que Chico Xavier recebeu mediunicamente os romances
transmitidos pela entidade espiritual que se apresenta pelo nome
de
Emmanuel.
Este
espírito, que desde cedo se identificou como protetor e
mentor espiritual de Chico Xavier, tem no seu protegido um
companheiro
com quem compartilhou sofrimentos e alegrias durante séculos
de
experiências rencarnatórias em comum.
Emmanuel
nos deixou várias obras
de cunho moral e evangélico mas nos focalizaremos apenas
os 5 romances
que ele ditou nas décadas de 40 e 50.
Estes
romances foram
psicografados numa fase de intensa atividade mediúnica de
Chico Xavier
o qual era obrigado a escrever madrugada adentro afim de
receber os
capítulos emocionantes que descrevem a estória de sacrifício,
martírio
e exemplificação de personagens ligadas à causa cristã.
Havia
muita
expectativa e ansiedade por parte dos assitentes presentes
nas
reuniões mediúnicas que "torciam" pelos
seus personagens favoritos e
teciam opiniões pessoais sobre o provável destino dos
mesmos.
Talvez
o mais popular destes romances seja "Há Dois Mil
Anos", verdadeira autobiografia de Emmanuel conforme ele
mesmo nos
revela no prefácio do livro. Esta é sua passagem na Terra como
o
orgulhoso senador Publio Lentulus casado com a encantadora Livia
que
abraçaa o Cristianismo provocando a revolta do marido. A doença
da
filha, Flavia, obriga o desesperado senador a buscar a ajuda
de Jesus
e o encontro dos dois é descrito emocionadamente num capítulo
de rara
beleza.
Envolvido
numa trama perversa, Publio Lentulus é jogado
contra sua própria esposa que suporta resignadamente o desprezo
do
marido até sua provação máxima nos circo romano. Encontra-se
neste
livro o singelo poema "Alma Gêmea", dedicado
ao senador Lentulus por
Livia e que se tornou muito popular no meio espirita.
O
livro "50 Anos Depois" é a sequência de "Há
Dois Mil Anos" e nele Emmanuel nos narra
sua rencarnação expiatória como Nestorio, um
escravo convertido ao Cristianismo que vem ao mundo numa condição
humilde afim de dominar seu orgulho, motivo principal de sua
queda na
encarnação anterior como patrício romano.
Celia,
entretanto, é a
personagem principal deste livro a qual nunca será esquecida
pelos
seus valorosos testemunhos de fé e renúncia. Vivendo numa
sociedade
preconceituosa, ela se vê obrigada a se vestir como homem
para poder
servir a Jesus num núcleo religioso de hábitos muito rígidos
localizado no norte da África.
"Ave,
Cristo!" tambem
é um episódio do Cristianismo primitivo
que se passa por volta do ano 200 de nossa era. Trata-se da luta
do
romano convertido ao Cristianismo, Quinto Varro, para conduzir
seu
filho, Taciano, ao caminho do comportamento cristão. Desconhecendo
a
identidade do pai, Taciano é responsável pela sua morte e,
retornando
ao mundo espiritual, Quinto Varro pede mais uma oportunidade
rencarnatória para recuperar seu filho. O livro possui uma rede
complexa de relações na qual almas com débitos em comum são
colocadas
face à face nas mais diversas e inesperadas situações.
Fechando
o ciclo de obras que tem como cenário o Mundo Romano,
vamos encontrar aquela que é considerada a "obra-prima" de
Emmanuel,
o livro "Paulo e Estevão".
Trata-se
da vida de Paulo de Tarso, o
apóstolo dos gentios, cuja alma repleta de conflitos filosóficos,
representa, na opinião de Herculano Pires, a transição do padrão
de
comportamento típico daquela época para o modo de ser cristão.
Responsável
diretamente pela morte de Estevão, primeiro mártir do
Crisitianismo, Saulo de Tarso vê a figura de Jesus o "perseguindo" em
cada ato de sua vida, convidando-o ao trabalho em sua seara,
até que
no inesquecível episódio da visão de Jesus às portas de
Damasco,
Saulo finalmente se curva diante do irresistível apelo.
Emmanuel
nos
descreve as viagens de Paulo que percorreu todo o Mediterrâneo
fundando igrejas e distribuindo suas famosas epístolas
para servirem
de orientação aos primeiros núcleos cristãos.
"Paulo
e Estevão" foi
transmitido a Chico Xavier pelo próprio Paulo de Tarso
que se valeu da
intermediação de Emmanuel por causa da grande distância
psíquica entre
Chico e Paulo.
Segundo
o próprio Chico Xavier, receber "Paulo
e
Estevão" representou o mais emocionante episódio
de sua carreira
mediúnica pois, ao término do romance, todas as personagens
do livro
se apresentaram para agradecer e reverenciar o grande
esforço e
dedicação do médium mineiro.
"Renúncia" é
o único romance que se passa fora do ambiente
romano. Desta vez Emmanuel nos conta a estória de Alcione, entidade
de
privilegiada elevação espiritual que renasce na Europa do seculo
XVII
afim de ajudar no erguimento moral de seu amado, Polux, assim
como de
outras entidades que cruzaram seu caminho.
A
psicologia de Alcione,
segundo Emmanuel, é das mais complexas e seus exemplos de
renúncia e
desprendimento não podem ser analisados superficilamente pois
representam um padrão de comportamento somente compatível com
espíritos de elevada hierarquia moral. Sobre Alcione, Emmanuel
ainda
diz: "Na grandeza de sua dedicação, vemos o amor renunciando
à glória
da luz, a fim de se mergulhar no mundo da morte."
Emmanuel
sempre deixou bem claro que seus romances não tinham
pretensões literárias mas sua idéia central foi nos descrever,
através
de seus romances, casos REAIS de renúncia e desprendimento para
servir-nos de exemplos.
Nós
que sempre nos queixamos da vida,
deveríamos nos espelhar nos exemplos de Livia, Celia, Quinto
Varro,
Paulo de Tarso, Alcione e tantas outras personalidades que,
vivendo em
ambientes muito mais hostis que o nosso, deram seus testemunhos
de fé
e coragem para provar que a morte nunca seria forte o suficiente
para
aniquilar a vida.