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Grupo Espírita Miguel Arcanjo
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A mediunidade é um agente de moléstias mentais?
A mediunidade é um agente de moléstias mentais? Essa indagação foi dirigida ao psiquiatra espírita Alexander Moreira de Almeida, que explicou o seguinte – “a prevalência de problemas psiquiátricos entre os médiuns é menor que o encontrado na população geral. Os medianeiros são mais saudáveis, apesar de terem muitas vivências alucinatórias e de influência que normalmente são consideradas como sintomas clássicos de esquizofrenia.”
No ano de 1911, Eugen Bleuer criou o termo “esquizofrenia” para designar um desconcerto entre pensamento, emoção e comportamento (esquizo/cisão e frenia/mente).
Em 2004, no Japão, o vocábulo foi alterado de Seishin-Bunretsu-Byo (doença da mente dividida) para Togo-shitcho-sho (desordem de integração).
É uma patologia encarada não como uma moléstia singular, mas como uma coligação de enfermidades muito abrangente, cujos mecanismos etiopatogênicos o arsenal não se esgotou. É uma doença com vários componentes fisiológicos e espirituais, com a presença acentuada de alucinações e delírios.
É urgente todo o cuidado com posicionamentos extremados e fanatizados de psiquiatras e espiritualistas tendenciosos, a observarem os quadros psicopatológicos apenas sob um ponto de vista (médico ou religioso). Para a fileira ortodoxa e céptica da medicina psiquiátrica, as alucinações seriam fruto de lesões de áreas fisiológicas. O médico especialista espírita assegura, no entanto, que o pensamento “materializa” em torno da pessoa imagens ajustadas ao seu campo mental, que quando são repetitivas e de amplo vigor, aparecem sob formas-pensamentos (“pensamentos materializados”) que muitas vezes assemelham-se a entes ou existências reais que, por não ser um componente do palco analítico dos pesquisadores ortodoxos, é um fenômeno avaliado como ilusório.
Sabe-se que os pensamentos sobrevêm da região do córtex pré-frontal dorsolateral, onde são cometidos os planos e as opções das múltiplas ações imagináveis da criatura. Sob o ponto de vista espírita, “o pensamento é um atributo do espírito, sendo portanto uma ação da própria essência do ser. Os Benfeitores esclarecem que “a partícula do pensamento, embora viva e poderosa na composição em que se derrama do espírito que a produz, é igualmente passiva perante o sentimento que lhe dá forma e natureza para o bem e o mal”.
Em tese, entender o que realmente é a mente e, por decorrência, a consciência, faz-se presentemente o maior desafio científico. Para Emmanuel, “a mente é o campo da nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar”. André Luiz profere que “a mente transmite ao carro físico, a que se ajusta durante a encarnação, todos os seus estados felizes ou infelizes.
Perante a Lei de Causa e Efeito, qualquer doença da mente guarda a sua origem profunda no Espírito que delinquiu e que se torna subordinado a um corretivo. Padecem dessa forma no corpo físico disfunções de órgãos afetados que o impedem de se manifestar de modo pleno.
Meio século atrás, o diagnóstico de esquizofrenia era sinônimo de cerceamento social, internamento em hospitais psiquiátricos (manicômios) ou asilos, onde os pacientes permaneciam durante longos anos. No fastidioso período da Idade Média, a problemática mental era encarada como resultado da presença demoníaca. O desconhecimento quase que completo levou à busca de tratamentos dolorosos aos dementes.
Nas eras pós-medievais executava-se a trepanação (matriz das modernas lobotomias), que consistia em fazer nos pacientes perfurações cranianas de 2,5 a 5 cm de diâmetro, sem anestesia ou assepsia adequada. Os “doutores” buscavam, à época, remover a pierre de folie (pedra da loucura) que imaginavam existir nos cérebros dos insanos. Ainda hoje a diagnose da enfermidade tem sido apontada como excluída de legitimidade científica e ou credibilidade, e, em regra geral, a validade dos diagnósticos psiquiátricos tem sido objeto de críticas persistentes.
Em meados do século XX a intensa psiquiatrização dos tratamentos foi reforçada com o advento dos primeiros fármacos, caracterizando-se pelo uso abusivo e indiscriminado, tornando a doença mental crônica e incapacitante. Julgava-se que a moléstia era incurável e que se convertia, obrigatoriamente, em uma enfermidade recorrente e para toda a vida. Hoje, contudo, sabe-se que uma boa porcentagem de pessoas que sofrem desse transtorno pode recuperar-se por completo e levar uma vida social normal, como qualquer outra.
Em que pese os argumentos dos psiquiatras fiéis aos princípios mecanicistas, afirmando que no processo terapêutico o máximo que se consegue é obter controle dos sintomas com os antipsicóticos, é importante salientar o espectro abrangente e multifacetado do ser humano. Destarte, os recursos da terapêutica incorpórea podem e devem ser levados em consideração como todas as demais grandezas do experimento humano. A mediunidade, por exemplo, “é uma experiência que pode nos revelar muito sobre o funcionamento da mente e sua relação com o corpo.”
Há desencarnados maléficos que “cercam suas vítimas [médiuns] encarnadas formando perturbações que se pode classificar como “infecções fluídicas” e que determinam o colapso cerebral com arrasadora psicose”.
É, sem dúvida, um processo composto de natureza espiritual, fisiológica e obsessiva,e com alcances psicossociais. Não há nenhuma razão para que se desaprovem os procedimentos espíritas na terapêutica dos casos evidentes de obsessão e auto-obsessão.
A despeito de persistirem conflitos entre a ala ortodoxa da Psiquiatria e o Espiritismo, os psiquiatras espíritas sustentam o diálogo entre corpo e espírito. Sabem eles que corpo físico é apenas o envoltório do Espírito. No mecanismo reencarnatório, “o Espírito conserva os atributos de natureza espiritual, e [naturalmente] o exercício das faculdades do Espírito depende dos órgãos que lhes servem de instrumento.” Indispensável portanto nesses casos, o habitual tratamento espírita com alicerce nos ensinamentos dos Espíritos Superiores, que, segundo acreditamos, em breve, fatalmente, constará nas recomendações médicas para a terapêutica de todas e quaisquer enfermidades. A bem da verdade, “a ciência precisa distinguir as causas físicas das causas morais, a fim de poder aplicar às moléstias os meios correlativos.”
Observando que cada caso é um caso, Allan Kardec cita que “muitos epilépticos ou loucos, que mais necessitavam de médico que de exorcismos, têm sido tomados por possessos.” Contudo, uma experiência reencarnatória, onde memórias de vidas passadas podem apresentar-se à criatura, facilita ou dificulta determinadas provas existenciais, percebidas como psicopatias. O Codificador instrui adiante que “Espíritos malignos enxameiam ao redor da Terra. Sua ação perversa faz parte dos flagelos aos quais a Humanidade está exposta. Há desordens psicopatológicas que são consequências de vidas pregressas e contra as quais pouco auxiliam exclusivamente os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causa originária. A doença mental igualmente deve ser encarada como reflexo de erros assumidos no passado. Um histórico de disputas e relações não resolvidas envolvem vítima e algoz [obsessão], agora em papéis invertidos.”
Em boa lógica, a instituição espírita deve respeitar as orientações dos profissionais da área de saúde, evitando equívocos tais como fazer diagnósticos, trocar e/ou suspender medicamentos e, às vezes, tornar o quadro clínico dos enfermos mais grave do que se apresenta. A terapêutica espiritual oferecida pelo Centro Espírita não dispensa terapêutica médica. A Doutrina Espírita, coligada às ciências médicas (no caso a psiquiatria), poderão se entender não se desmentindo, porém de mãos dadas, marchando em parceria, procurando todos os expedientes disponíveis no sentido de exterminar a agonia do paciente.
Ressalte-se que nas obsessões pertinazes (subjugações) a influência das entidades espirituais sobre as pessoas tende a levá-las ao quadro psicopatológico de alucinação e demência. Registra a história que Nabucodonosor II, rei dos Caldeus, sofreu com a licantropia; Calígula e Gengis-Khan demonstraram aberrações obsessivas e psicóticas; Nietzsche, sob o guante dos obsessores, perambulou pelos asilos de alienados; Van Gogh, insano, cortou as orelhas e as enviou de presente para sua musa inspiradora; Schumann, notável compositor, foi internado num hospício; Edgar Allan Poe tinha visões aterradoras e sucumbiu arrasado pelo alcoolismo.
O Espírito Emmanuel narra em “Mecanismos da Mediunidade” que “em Roma, no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a morrer de fome, passou a viver, em Espírito, monoideizado na revolta em que se alucinava, aparecendo e desaparecendo aos olhos de circunstantes assombrados, durante largo tempo. Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo. Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe enterrarem os restos nos jardins de Lâmia, eram ali ‘vistos, frequentemente, até que se lhe exumaram os despojos para a incineração.”
Apesar de poucos informes científicos, há sobejas evidências de que a ação obsessiva (caracterizada por projeções, canalizações e interferências de fluidos sinistros) exerce papel de relevo na fisiopatogenia das várias doenças, no corpo físico e espiritual e, às vezes, evoluindo com quadros gravíssimos. Assevera o Espírito Manoel Philomeno que “a obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso, exigindo terapia especializada, de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir apressadamente.”
O médico Bezerra de Menezes certificou que “a ação fluídica do obsessor sobre o cérebro, se não for removida a tempo, dará, necessariamente, em resultado, o sofrimento orgânico daquela víscera, tanto mais profundo quanto mais tempo estiver sob a influência deletéria daqueles fluidos.”
Longe de sugerir aos pacientes portadores de anomalias mentais a abdicação dos fármacos indicados pelos psiquiatras, recomendamos igualmente o passe magnético (polarização de fluidos magnéticos visando a dissipação das energias nocivas). Indicamos, além disso, a água magnetizada (fluidificada), que é de grande eficácia para o reequilíbrio das estruturas neurológicas, considerando que no líquido vital são introduzidos fluidos impregnados das emanações magnéticas derivadas das irradiações de minerais, vegetais, animais e humanas. Há ainda os recursos do atendimento fraterno, da desobsessão, da oração e, vale aqui lembrar, do receituário homeopático, como ajudantes do tratamento.
Há outro recurso medicamentoso extraordinário – a implantação do Culto do Evangelho no Lar dos pacientes – considerando a oportunidade de leitura do Evangelho e a reflexão sobre seu conteúdo. No diálogo do Evangelho no lar, estima-se o convite para abandono de viciações e paixões inferiores, valoriza-se a vigilância do desejo, das palavras e das atitudes e muitos outros recursos poderosos que aos poucos vão aperfeiçoando a saúde integral do homem moderno.